A depressão é um transtorno mental que afeta mais de 300 milhões de pessoas no mundo, com prevalência durante a vida em torno de 15% da população geral, sendo um problema de grande importância para saúde pública.
O transtorno depressivo caracteriza-se por sentimentos constantes de tristeza profunda e perda de interesse pelas atividades do dia-a-dia, por um período maior que duas semanas.
A depressão acomete duas a três vezes mais mulheres do que homens, principalmente na idade fértil. As hipóteses levantadas para justificar essa diferença incluem as diferenças hormonais entre os sexos, estressores psicossociais e o parto. A idade média de início do transtorno em adultos varia de 27,2 anos e há uma tendência atual de início mais precoce.
Cerca de metade das pessoas deprimidas apresenta um período anterior ao primeiro episódio depressivo, caracterizados por sintomas ansiosos e depressivos leves. O episódio depressivo pode ser leve, moderado, ou grave, dependendo da quantidade e intensidade dos sintomas que o paciente apresenta.
Trata-se de uma doença séria que precisa de tratamento, pois os sintomas afetam de forma muito significativa a vida social, profissional e os relacionamentos do indivíduo. É comum a pessoa se isolar de amigos e familiares, perder a vontade em realizar tarefas simples e apresentar pensamentos de menos-valia e pensamentos de suicídio.
Quais os sintomas da depressão?
A depressão pode acometer as pessoas de diferentes formas, sendo que o conjunto de sintomas ajuda a estabelecer um diagnóstico adequado. O quadro clínico pode se caracterizar pela presença dos seguintes sintomas:
- Humor deprimido ou irritável
- Falta de interesse e motivação, com diminuição da alegria e prazer
- Apatia
- Baixa autoestima
- Sentimento de culpa
- Desesperança
- Pensamento lentificado
- Dificuldade de concentração
- Prejuízo de memória
- Pensamentos de morte e suicídio
- Diminuição de energia
- Cansaço
- Alterações no sono (insônia ou sonolência excessiva)
- Alterações no apetite (aumento ou diminuição do apetite)
O que pode causar depressão?
A depressão pode ser resultado de uma interação complexa de processos biológicos, psicológicos, ambientais e genéticos. Dessa forma, a combinação de múltiplos fatores desencadearia a doença em pessoas que são biologicamente vulneráveis.
Do ponto de vista da neurobiologia, pode haver desequilíbrio nos neurotransmissores cerebrais, desregulação de hormônios envolvidos em vários processos fisiológicos, como hormônio da tireóide e do crescimento, desajustes nos ritmos de sono e vigília, além de anormalidades no sistema imunológico.
A influência genética na manifestação da depressão é estimada em cerca de 40 a 50% dos casos, sendo que os indivíduos suscetíveis são mais predispostos a desenvolver um quadro depressivo diante de estressores ambientais.
O estilo de vida pode ser um fator de causa para depressão, como sedentarismo, consumo de substâncias psicoativas, tais como álcool, drogas e até mesmo algumas medicações.
O estresse crônico também é um fator importante que contribui para o desencadeamento de depressão, como exposição a traumas físicos ou psicológicos, eventos adversos tais como perda de um familiar ou parente próximo, fim de um relacionamento, baixo suporte social e poucos vínculos afetivos, insatisfação com o trabalho, problemas com a autoimagem e aceitação, e até mesmo uso excessivo de redes sociais.
Como é o diagnóstico da depressão?
O diagnóstico da depressão é clínico, ou seja, é feito através da entrevista médica realizada pelo psiquiatra. Ele faz uma série de perguntas avaliando o humor e o estado de saúde da pessoa, investigando a presença dos sintomas de depressão, ao mesmo tempo em que também tenta excluir outras causas que possam justificar o quadro clínico.
A depressão é uma doença que afeta a pessoa como um todo, pois pode comprometer o pensamento, o comportamento, o humor, os sentimentos e também a saúde física.
No momento do diagnóstico, é importante avaliar o grau de comprometimento funcional do paciente, o que significa entender o quanto os sintomas estão impactando em sua vida, seja no trabalho, na escola, nos relacionamentos interpessoais e no cuidado consigo mesmo.
Como é o tratamento da depressão?
Considera-se que a grande maioria dos pacientes deprimidos melhora com o tratamento adequado, isto é, recuperam-se totalmente. As formas de tratamento devem ser individualizadas e definidas pensando-se no paciente e nos sintomas que ele apresenta.
Os tratamentos mais utilizados incluem tratamento medicamentoso, psicoterapia e associação de medicação com psicoterapia.
Algumas mudanças no estilo de vida também são importantes, como por exemplo realizar atividades que ajudem a pessoa a se sentir melhor, como atividade física, caminhadas ou outra atividade de lazer.
É importante evitar a solidão durante o tratamento, permanecendo junto de pessoas queridas e que possam oferecer apoio. Outro ponto fundamental é ir com calma e não se exigir demais no período de recuperação.
Assim como outras doenças, a depressão pode ser tratada, trazendo melhora, frequentemente, em poucas semanas, com consequente retorno às atividades profissionais e a uma vida normal.